O Centro de Estudos Ameríndios da USP conta com um significativo montante de pesquisadores que trabalham junto aos Guarani – que aqui consideramos como categoria englobante de coletivos que guardam entre si muitas singularidades, a exemplo dos Mbya, Ava, Nhandeva, Tupi e Kaiowa. A iniciativa deste Simpósio nos pareceu uma rara e profícua oportunidade de encontro entre esses pesquisadores com convidados de outras instituições e com pesquisadores indígenas de vários estados. Certamente não intencionamos reduzir as respectivas singularidades dessas diferentes experiências de pensamento e produção de conhecimento. O que cada antropólogo produz a partir de sua experiência junto aos Guarani dificilmente espelhará exatamente as experiências ou concepções de seus interlocutores guarani, mas evidencia a transformação em seu pensamento promovida por essa experiência com eles. Esse nos parece ser o sentido da aproximação entre participantes guarani e não-indígenas promovida por este simpósio, sem a pretensão de transformar uns em outros, ou todos em um, e sim, quem sabe, transformar uns e outros. Afinal, entre os muitos aprendizados que podemos ter com os Guarani, destaca-se sua imensa capacidade em conectar-se sem deixar-se capturar, ou indiferenciar.
As seis mesas que compõem o simpósio sinalizam temas prementes nas pesquisas e em enunciados guarani em diferentes contextos, a saber: 1) Cosmografias e Cosmopolíticas; 2) Coletivos e redes; 3) Circulação e Tradução de Saberes; 4) Conexões, Alteridades, Alterações; 5) Redes em países, cidades, fazendas, aldeias, mundos; 6) Apropriação de tecnologias de comunicação e de transformação. A despeito da diversidade de abordagens e temáticas, os trabalhos reunidos nos parecem ter como denominador comum a recusa de circunscrever o pensamento ou a socialidade guarani em categorias estanques ou substantivadas, voltando seu interesse pelas redes guarani em diferentes vieses, como espaços, parentesco, saberes, alteridades, entre outras conexões possíveis.
PROGRAMAÇÃO
14h00 – 1a Sessão: Cosmografias e cosmopolíticas
DIA 16/10 (Quarta-feira)
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Marcos Tupã (Coordenador Tenonde da Comissão Yvyrupa). A Comissão Yvyrupa e a vida em yvy rupa.
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Daniel Calazans Pierri (PPGAS e CEstA -USP; CTI). A caminho do Sol: cosmografias guarani.
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Fabio Nogueira da Silva (PPGAS e CEstA-USP). Tekoa Pyau: elementos de produção do espaço.
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Spensy Pimentel (CEstA-USP). Repensando hipóteses sobre uma teoria ameríndia da humanidade a
partir da luta guarani-kaiowa pela terra.
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Renato Sztutman (CEstA-USP). Pierre e Hélène Clastres diante das metafísicas Guarani
Debatedora: Beatriz Perrone-Moisés (CEstA-USP)
18h30 – 2a Sessão: Coletivos e redes
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Diogo Oliveira (PPGAS-UFSC; Funai). Articulações e transformações entre as parcialidades Guarani no sul do Brasil.
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Lígia R. Almeida (PPGAS e CEstA-USP), Amanda Danaga (PPGAS-UFSCar) e Camila Mainardi (PPGAS e CEstA-USP). Uma abordagem sobre os Tupi Guarani no Estado de São Paulo a partir de etnografias recentes.
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Tonico Benites (PPGAS-UFRJ, MN). Luta dos Guarani e Kaiowá para manutenção do modo de ser e viver, ore ava reko.
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Rafael Fernandes Mendes Júnior (PPGAS-UFRJ, MN). Os Mbya desceram o Araguaia: parentesco e dispersão.
Debatedora: Marta Rosa Amoroso (CEstA-USP)
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DIA 17/10 (Quinta-feira)
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14h00 – 3a Sessão: Circulação e tradução de saberes
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Fábio Mura (UFPB). Jeheka - técnicas e práticas de aquisição entre os Kaiowa.
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Adriana Testa (PPGAS e CEstA-USP). Entre Pessoas e Lugares: Práticas e comunicação de saberes
Guarani Mbya.
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Giselda Jera (professora Mbya/SP). Os xondaro e a circulação de saberes no mundo de hoje.
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Alice Haibara (PPGAS e CEstA-USP). Processos de aprendizado pelos olhos das crianças Mbya.
Debatedora: Dominique Tilkin Gallois (CEstA-USP) 18h30 – 4a Sessão: Conexões, alteridades, alterações
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Elizabeth Pissolato (UFJF). Corpo, canto, conexões.
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Algemiro da Silva Karai Mirim (PPGAS-UFF). A importância dos sonhos nos saberes tradicionais
guarani.
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Valéria Macedo (CEstA-USP; Unfesp). Os jurua e seus papeis.
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Ana María Ramo y Affonso (PPGAS-UFF). O que nos levanta sobre a Terra: alegria e saudade
fazendo parentesco.
Debatedora: Marina Vanzolini (CEstA-USP)
14h00 – 5a Sessão: Redes em países, cidades, fazendas, aldeias, mundos
DIA 18/10 (Sexta-feira)
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Levi Marques Pereira (UFGD). Mobilidade, modalidades de assentamentos e formas organizacionais entre os Kaiowá e Guarani em MS.
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Maria Inês Ladeira (CTI). Convívio e permuta em yvy vai.
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Marta Azevedo (Nepo-Unicamp). Redes de parentesco e mobilidade entre os tekoha.
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Donatella Schmidt (Università degli Studi di Padova). Redes Guarani na Argentina e Paraguai.
Debatedora: Vanessa Lea (Unicamp)
18h30 – 6a Sessão: Apropriação de tecnologias de comunicação e transformação
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Tatiane Klein (PPGAS e CEstA-USP). Práticas midiáticas e redes de relação entre os Kaiowá e Guarani.
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Alexandre Wera (Cineasta Mbya) e Lucas Keese (CTI). Formação e autonomia na produção de filmes.
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Ariel Ortega (Cineasta Mbya). O visível e o invisível nos filmes.
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Carlos Papa Mirï Poty (Cineasta Mbya). Garimpando a minha própria essência.
Debatedora: Sylvia Caiuby Novaes (CEstA-USP)
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21h00 Exibição do filme Tava, de Ariel Ortega
Rua Luciano Gualberto, 315. Prédio do Meio - Sala 8