Beatriz Matos
Visita e captura: ritual e transformação entre os Matses da Amazônia brasileira
Na primeira parte desta comunicação descrevo o ritual de visita dos "espíritos cantores", um grande ritual coletivo de iniciação dos jovens matses - povo de língua Pano Setentrional, habitante da fronteira Brasil-Peru - e como este se relaciona com os conceitos e práticas subjacentes à constituição da pessoa masculina e feminina. Em seguida, abordo as consequências da atual impossibilidade da realização deste ritual, acarretada pela transgressão de uma interdição ocorrida com a chegada de missionários do Summer Institute of Linguistics no território matses. Analisando as transformações do ritual no espaço e no tempo, procuro levantar algumas questões a respeito do problema da mudança cultural o uda transformação entre povos ameríndios.
Indira Caballero
Da avareza e do egoísmo: reflexões sobre a noção de alternância em um pueblo dos Andes peruanos
Em Andamarca, pueblo campesino segundo seus moradores, cultivar chácaras e criar vacas são atividades realizadas pela maioria. Neste pueblo, nota-se que as noções de rotação e de alternância são centrais tanto no dia a dia, como em momentos extraordinários como as festas e as eleições dos inúmeros cargos ligados à administração local. Há ainda a noção de ayni, a reciprocidade que aparece com ênfase permeando relações de amizade e parentesco. Em todos esses casos privilegia-se o revezamento e a alternância em detrimento da retenção/contração, noção essa que vai ao encontro de outras, como avareza, egoísmo e ambição, as quais serão abordadas no presente trabalho, bem como seus efeitos.
Rua do Anfiteatro, 181 - Colmeia, favo 8