Ciclo de debates
Políticas para povos indígenas isolados e de recente contato: vestígios de isolados em Rondônia
Com
Felipe Vander Velden (CSO/UFSCar)
Amanda Villa (PPGAS/USP)
Mediação
Leonardo Viana Braga (PPGAS/USP)
Referências em estudo: controvérsias sobre natureza, cultura e etnicidade dos povos indígenas isolados em Rondônia (Felipe Vander Velden (CSO/UFSCar)
As florestas de Rondônia abrigam um conjunto significativo de referências a povos indígenas isolados. Como a região abriga considerável diversidade linguística e cultural, a definição do pertencimento etnolinguístico desses povos-referências é bastante problemática. Para além desta indefinição em nível etnolinguístico, várias das referências aos isolados – sobretudo aquelas “em estudo” ou “não confirmadas”, ou chamadas simplesmente de “informação” – têm se prestado também à discussões em níveis que chamaremos de interétnico e específico, que discutem tanto a indianidade como a própria humanidade desses coletivos. Tratam-se de casos em que o caráter fantasmagórico desses povos parece ainda mais pronunciado, e de discussões não apenas sobre se vestígios são produtos de indígenas, mas mesmo se são resultantes de ações humanas. Entretanto, as denominadas “referências não confirmadas” têm sido pouco estudadas em suas múltiplas dimensões. Este artigo advoga por uma maior atenção a tais cenários como forma de expandir nossa reflexão sobre a natureza do que pode constituir um coletivo indígena e humano.
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Fazer-se notar, fazer-nos afastar: um percurso etno-histórico sobre os indígenas em isolamento na Terra Indígena Massaco (Amanda Villa (PPGAS/USP)
A proteção de povos em isolamento no Brasil e, portanto, dos territórios que ocupam, é tarefa legalmente atribuída às Frentes de Proteção Etnoambiental, unidades descentralizadas da Fundação Nacional do Índio. Via de regra, seu trabalho parte de estratégias de investigação: buscas por vestígios localmente somam-se a entrevistas orais e aos registros da ocupação etno-histórica. Nesse sentido, esse artigo pretende contribuir com um apanhado etno-historiográfico da ocupação no médio rio Guaporé, mais especificamente do trecho que se encontra entre os rios Branco e Colorado, em que hoje se institui a Terra Indígena Massaco. Ocupada por indígenas cujas características definidoras de seu pertencimento étnico por outrem se baseiam essencialmente em sua cultura material, uma vez que sua língua nunca foi descrita, o território é referência em proteção e mistério. Ao mesmo tempo em que a abundante colocação de armadilhas (estrepes) torna expresso seu desejo por serem deixados em paz, seus vestígios dão pistas de sua identidade e são lidos com curiosidade por indígenas e não indígenas, que apostam na analogia com histórias orais e grafadas para tanto.
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