CEstA Dupla "Mimese, engano, azar e outros encontros na caça amazônica"

 

Arte de arremedar: imitação, atração e sedução na relação entre homens e animais no Alto Trombetas/Pará, com Igor Scaramuzzi

Entre quilombolas do Alto rio Trombetas, norte do estado Pará, o conjunto de técnicas de imitação, atração e sedução de animais que são usadas nas atividades cinegéticas têm a produção de sons como um de seus aspectos constituintes. Designado sob o termo “arremedar” tal conjunto de técnicas engloba não somente a produção de sons ritmicamente e melodicamente semelhantes aos produzidos por animais, mas também a imitação/reprodução de diversos elementos que compõem os lugares em que tais animais vivem. A comunicação proposta parte da noção de “arremedar” para enfatizar a importância do meio ambiente na configuração das relações entre humanos e animais que ocorrem no espectro das atividades cinegéticas, que a meu ver não foi pouco explorada na literatura etnológica sobre o tema. Pretende-se também tratar da relação entre as técnicas de imitação, atração e sedução de animais designadas sob o termo “arremedar” com estados de sucesso e fracasso que ocorrem na prática de tais atividades.

 

Desejar panen. Sobre vacilos ontológicos e minimalismo ritual, com Leonardo Braga

Parte-se de pesquisa sobre caçada junto aos Zo’é, tupi-guarani do Noroeste do Pará, para enfatizar a ideia de panema. Pessoas que foram acometidas por doenças são tomadas como foco do encadeamento de enunciados que permitem perceber o panema como importante operador de relações tanto entre humanos, quanto entre humanos e não humanos. A caçada entendida como acontecimento que envolve uma complexa dinâmica de comunicação e distância sociocósmica exige uma série de ações rituais como via de efetivação dessa comunicação, dentre as quais se destacam práticas de imitação. Procura-se subsidiar a conversa a respeito de regimes ontológicos ameríndios, sobretudo, àqueles cuja relação entre caçada e guerra é fundante. Por conseguinte, aventar a compreensão do lugar do panema enquanto operador ontológico, que gera entraves para as compreensões modernas a respeito de regimes de autoridade e causalidades complexas.

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