"Nixi Pae - O espirito da floresta desenhando os cantos da ayahuaska"
Ibã Huni Kuin nasceu em 1964 no seringal Fortaleza, Terra Indígena do Rio Jordão, estado do Acre, Amazônia brasileira. Filho do txana (cantor) Tuin Huni Kuin, foi preparado por seus pais para receber os cantos e seus poderes de cura, especialmente aqueles associados à ayahuaska. Até a década de oitenta Ibã se dedica aos conhecimentos tradicionais, quando então passa a alfabetizar-se em cursos de formação de professores indígenas. No início da década de noventa passa a registrar os conhecimentos dos cantos a que se dedica estudar ao lado de seu pai. Em 2004 publica seu primeiro livro, Nixi Pae – O Espírito da Floresta. Em 2007, junto ao grupo de pesquisadores formados por ele, lança o livro Huni Meka, cantos do Nixi Pae, acompanhado de dois registros sonoros (CD) e umvídeo. Associado a seu filho Bane Huni Kuin, organiza o Grupo de Jovens Artistas-Desenhistas Huni Kuin e, em 2011, mobilizam o Primeiro Encontro de Jovens Artistas-Desenhistas Huni Kuin, na aldeia Mae Bena, Jordão. Tem investido desde 2009 na transcriação de seus livros para o audiovisual.
Amilton Pelegrino de Mattos nasceu em 1976 em São Paulo. Estudou Literatura e Cinema. Pesquisou no mestrado, entre 2000 e 2005, a música e dança dos Guarani Kaiowá do estado do Mato Grosso do Sul e dos Guarani M'byá de São Paulo (www.oqueseouveentre-indice.blogspot.com.br). Conheceu Ibã em 2001 no Acre, numa sessão de ayahuaska. Vive na Amazônia acreana desde 2004. Desde 2008 é professor de Artes no curso de Formação Docente para Indígenas da Universidade Federal do Acre. Desde 2009 compõe o Projeto Espírito da Floresta, junto aos pesquisadores Ibã e Bane Huni Kuin, como assessor técnico e videoartista. Compõe a equipe de pesquisadores do Laboratório de Antropologia e Florestas da Universidade Federal do Acre. É pesquisador do Instituto Nova Cartografia Social da Amazônia. Publica, desde 2005, o Imperceptíveis.
Resumo: Trata-se da apresentação do projeto Espírito da floresta, projeto de pesquisa dos cantos da ayahuaska desenvolvido há mais de vinte anos pelo pesquisador Ibã Huni Kuin.
Pretende-se expor um breve histórico do projeto, com as experiências do pesquisador seja em sua juventude, na oralidade, junto aos antigos, no tradicional regime de saberes huni kuin, seja sua experiência de registro e publicação, associada à cultura letrada e à escola indígena diferenciada, onde atuou como professor. Nos últimos anos, Ibã criou junto a um grupo de jovens artistas huni kuin a experiência de desenhar os cantos da ayahuaska, uma estratégia para renovar o interesse das novas gerações pelos saberes antigos do seu povo.
Tem utilizado também a linguagem audiovisual para, articulando música e arte visual, tentar "traduzir" o universo visionário da ayahuaska. Uma estratégia como essa, que experimenta velhos saberes com novas linguagens, que opera com traduções em diversos níveis, consiste numa experiência que redefine tanto o que entendemos por arte (representação, autoria, individual/coletivo), quanto desloca nossa concepção de antropologia (uma arte de fazer antropologia mais que uma antropologia da arte). Para saber mais sobre o projeto clique aqui.