Incêndios florestais e as mudanças ambientais na percepção dos índios do Xingu – Ikpeng, Waujá e Kawaiwete
Resumo: Nos últimos 20 anos a perda de extensas áreas de florestas das cabeceiras do rio Xingu mudou consideravelmente o regime de chuvas na região. A situação do desmatamento dos municípios chegou perto dos 70% em 2017, sendo este o principal fator que contribui com o aumento dos incêndios no Parque do Xingu. As mudanças nas paisagens são percebidas pelos índios Ikpeng, Waurá e Kawaiwete a partir de alterações nas florestas, como também na perda de alguns tipos de árvores que são vulneráveis aos incêndios, mas que apresentam usos estratégicos para seus modos de vida e que estão se tornando cada vez mais escassos, diminuindo a disponibilidade de matérias primas utilizadas na cultura material para estes povos. Discutir formas de adaptação torna-se uma necessidade, mas a construção de estratégias de recuperação de ambientes e de recursos prioritários deve partir de conceitos locais sobre como as florestas se regeneram, dos sistemas e técnicas de plantio e dos conhecimentos sobre o uso e manejo do território.
Departamento de Antropologia - Sala 14