Arapiuns: modos de nominação e espaço do político em um afluente do rio Amazonas (Santarém/PA)
Esta apresentação debate o andamento e os lineamentos gerais deste estudo etnográfico sobre o espaço do político entre as famílias de um conjunto de comunidades situadas às margens do rio Arapiuns, afluente do Tapajós, próximo à sua desembocadura no rio Amazonas (Santarém/PA). Atualmente, esta bacia é habitada por aproximadamente 5000 pessoas distribuídas em algo como 60 comunidades. Concentro meus trabalhos de campo junto a cinco dessas comunidades, que totalizam aproximadamente 600 pessoas, que habitam 125 casas, distribuídas em cerca de 12 aglomerados de casas (clusters). Embora este seja um rio de grande porte, pouco ou nada se produziu em antropologia a respeito de seus habitantes. Por décadas, os escritos de Curt Nimuendajú, que realizou pesquisas histórico-arqueológicas em seu curso nos anos 1920, constituíram a única referencia a seu respeito. Em geral, suas populações foram, ao longo da história, tomadas por extensão ao conjunto dos habitantes da várzea do rio Amazonas e o baixo curso de seus afluentes. A partir dos anos 1990, esta "área cultural cabocla" passou a chamar a atenção dos antropólogos, por conta da emergência de movimentos culturalistas e disputas identitárias travadas entre os nativos em torno das figuras jurídicas de "indígenas", "tracionais" e "trabalhadores rurais". No contexto atual, a afirmação de identidades políticas oficiais se entrelaça, de modo complexo, às disputas internas entre as diferentes parentelas cognáticas bilaterais que se distribuem ao longo de toda a bacia, articuladas em torno de diferentes facções e associações políticas. Este estudo observa os modos nativos de construção de espaços políticos, tendo por referência central o parentesco e as relações intercomunitárias.
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