O CEstA Debate procura lançar luz sobre os paralelos entre dois eventos recentes relacionados aos direitos dos povos indígenas. Em primeiro lugar, a crise no Mato Grosso do Sul que acarretou num ataque aos direitos territoriais dos índios por parte de diversos setores da sociedade, entre eles o Governo Federal. Em segundo, a redescoberta do "Relatório Figueiredo" que documenta uma série de abusos e violências operados contra povos indígenas através do Serviço de Proteção aos Índios, em diversas regiões do país, durante a ditadura militar.
As pesquisas recentes motivadas pela instalação da Comissão Nacional da Verdade têm descortinado uma verdadeira guerra de extermínio patrocinada pela Ditadura Militar para implementar um projeto de desenvolvimento a qualquer custo: cadeias clandestinas foram mantidas pelo Governo para aprisionar índios que lutavam por suas terras, sessões de tortura, trabalho escravo, e assassinatos de aldeias inteiras com a ocultação de cadáveres em enormes valas clandestinas, enfim, um aparato de terror contra os povos originários que está documentando e denunciado nas cerca de 7000 páginas do Relatório Figueiredo. Nos últimos tempos, por sua vez, o projeto desenvolvimentista do Governo Federal tem novamente colocado em pauta a colonização da Amazônia através de uma série de grandes empreendimentos. A resistência dos Munduruku à realização de uma hidrelétrica que os afetará diretamente no Rio Tapajós, culminou no assassinato de uma liderança pela Polícia Federal em novembro de 2012. Agora, o líder terena Oziel Gabriel é assassinado pela mesma Polícia Federal novamente por lutar pela demarcação de sua terra, e o Governo Federal promete aos ruralistas reeditar o modelo de demarcação de terras indígenas que era vigente durante a ditadura militar. O CEstA convida especialistas nessa questão para discutir as relações entre esses dois períodos, e a busca de soluções para dizer "nunca mais".
Gilberto Azanha: antropólogo e coordenador do Centro de Trabalho Indigenista. Coordenador do Grupo Técnico responsável pela identificação e delimitação das Terras Indígenas Terena no Mato Grosso do Sul.
Marcelo Zelic: vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Foi quem encontrou o Relatório Figueiredo e tem fomentado pesquisas sobre as violências contra indígenas no âmbito da Comissão Nacional da Verdade
Maria Rita Kehl: Psicanalista e integrante da Comissão Nacional da Verdade
Rua Luciano Gualberto, 315. Prédio do Meio - Sala 8