Do luto à luta: lições a partir do Nordeste indígena
Sexta-feira, 30 de setembro de 2022 - 14h30
Auditório do LISA - Rua do Anfiteatro, 181 - favo 10
Transformar o luto (ou a morte) em motor de luta (ou de vida) não é algo novo para os grupos indígenas. Ao longo dos últimos quatro anos, e diante dos inúmeros atos criminosos – e de um número ainda hoje incerto de mortes, dada as subnotificações na pandemia, por exemplo, mas também do que estamos chamando de morte -, fomos convocados por lideranças indígenas de diferentes lugares do país a reconhecer esse fato; a reconhecer que o processo de extermínio empregado como política de Estado pelo atual governo brasileiro não difere em natureza do que esses grupos vêm enfrentando, em alguns casos, há mais de 500 anos. Nessa comunicação tomo como ponto de partida essa convocatória e estabeleço uma aliança com a experiência passada dos Xukuru do Ororubá – cuja principal liderança foi assassinado em 1998, ao longo do processo de luta pela terra, e teve o seu corpo plantado na terra, para que dele nasçam novos guerreiros –, que é também a de tantos outros grupos no Nordeste indígena, de retomadas, de vida e morte pela terra, de vida e morte com a terra, para refletir em que medida o reconhecimento da natureza comum com o que estamos vivendo no presente passa também pelo reconhecimento disso que Marisol de la Cadena chama de natureza incomum, em um caso e no outro, dos limites estabelecidos para o que é considerado o que é ser vivo e, consequentemente, dos limites para o que é entendido como genocídio.
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