Chamada: AGRICULTURAS, SABERES E ALTERNATIVAS: Limites e Possibilidades de Mundos Entrelaçado

AGRICULTURAS, SABERES E ALTERNATIVAS 

Limites e Possibilidades de Mundos Entrelaçados

Ao longo de décadas de políticas e projetos nacionais para o desenvolvimento de um sistema agroalimentar hegemônico dos trópicos, foi sendo composta a figura feroz do agronegócio brasileiro por meio de saberes cientificamente tecnificados, modos intensivos de produção agrícola, cadeias comerciais industrializadas, representação política de setores patronais e padronização da qualidade de sementes, procedimentos e biotecnologias agrícolas. Por trás da retórica propagandística do progresso e sucesso do agronegócio brasileiro, especialmente nas últimas décadas, também vem se intensificando o processo contínuo de expulsão das populações do campo, grilagem de terras, deslegitimação de conhecimentos tradicionais, contaminação de recursos hídricos, aumento da resistência de pragas, enfraquecimento de políticas públicas para pequenos agricultores, extinção de espécies nativas e morte de lideranças das comunidades tradicionais e de movimentos sociais do campo. 

Partindo desta provocação, este evento busca fomentar uma discussão acerca das diferentes formas de agricultura e seus saberes, tendo como orientação algumas questões: como as grandes cadeias do agronegócio modificaram a nossa relação com a agricultura, pasto e floresta? Quais são e como se relacionam os atores (produtores, órgãos e instituições públicas, empresas, movimentos sociais, organizações não governamentais, consumidores, além de uma diversidade de plantas, solos, insetos, fungos e bactérias...), os diferentes modos de conhecimento e as distintas escalas na produção agrícola brasileira? Como o estabelecimento do modelo atual se relaciona com a constituição e o desenvolvimento da pesquisa agrícola realizada no Brasil e com a fundação de órgãos públicos visando fomentar desde a expansão do modelo hegemônico, mas também práticas de extensão rural voltadas a agricultores familiares? Quais são as alternativas existentes aos projetos dominantes da agricultura? Como essas alternativas se diferenciam dos projetos nacionais de desenvolvimento agrícola? Quais são as suas potencialidades e os seus limites em termos de atuação e de escala?  Como pensar junto com estas alternativas frente a um único programa de agricultura excludente e concentrador?

Com a explosão da pandemia de Covid-19, as já latentes discussões sobre práticas e políticas agroalimentares também ganham novas ênfases ao escancarar as desigualdades no acesso, na produção e na circulação de alimentos, além de lidar com questões sanitárias, políticas públicas, tecnologias de controle, disputa pelo território e articulações de entidades e de movimentos sociais para lidar com as novas realidades em jogo. Tendo em vista estas múltiplas dimensões em relação, este evento pretende se desdobrar em três dias de discussão de trabalhos em seminários virtuais e debates interativos. 

E-mail: agrisal2020@gmail.com

Prazo para o envio dos resumos: segunda-feira, 17 de agosto

Data do evento: 14, 15 e 16 de outubro

 


 

Organização

O evento é organizado por quatro pós-graduandos em Antropologia Social. Ana Marcucci, Felipe Puga e Mariana Cruz fazem parte do programa da Unicamp e Otávio Penteado do programa da USP. Todos pesquisam temas que se encontram com agriculturas constituídas a partir de diferentes saberes, atores e mundos.

 


 

Seminário temático 1 – Mundos multiespécies e suas possibilidades

Pensando nas condições atuais das agriculturas hegemônicas e suas possibilidades alternativas, este seminário apreciará trabalhos que versem criticamente a respeito das embaraçosas relações das diversas práticas agrícolas existentes. Serão aceitos trabalhos sobre as diferentes escalas e relações multiespécies de paisagens, novas ecologias, sistemas agrícolas hegemônicos, agriculturas alternativas, governança de certificações socioambientais, saberes e manejos tradicionais. Este seminário preza pela diversidade dos temas dos trabalhos, os quais deverão necessariamente abrir seus objetos de estudo à problemática central das possibilidades e limites dos mundos co-compartilhados.

 


 

Seminário temático  2 – Ciência, instituições e empresas agrícolas

O estabelecimento do atual modelo produtivo do campo está entrelaçado com a constituição de órgãos de pesquisa (sejam eles parte do setor público ou de caráter privado), os quais são permeados por discursos e práticas de caráter modernizador (dentro da lógica da separação entre a Natureza e a Cultura) e voltadas à racionalização (em oposição a métodos considerados “tradicionais” e sem sustentação científica) da produção agrícola. Esse seminário está aberto a propostas voltadas a explorar as práticas de pesquisa das ciências agrárias (seus atores, suas potencialidades, suas controvérsias), um conhecimento de caráter hegemônico, mas que também é bastante diverso em seus métodos de trabalho e objetivos. Essas ciências podem lidar tanto com redes extensas e de caráter global quanto com práticas locais, dada a relação determinante da produção agrícola a solos e climas localizados.

 


 

 

Seminário temático  3 – Movimentos, territórios, saberes e práticas agroalimentares

Para além de uma atividade que nos diz sobre questões econômicas e sociais, as práticas agroalimentares também implicam em diversos conhecimentos, experiências, valores, territórios e conflitos. Em outra direção ainda, os conhecimentos implicados nas atividades de cultivo produzem mundos, seres, sentidos e experiências que compõem com dimensões outras da vida, que não se confundem com as gestões estatais do território. Portanto, está longe de ser uma prática removida da luta política. Este seminário pretende reunir pesquisas que abram questões relacionadas às práticas agrícolas, terra, território, soberania, ações coletivas, movimentos sociais e o alimentar-se em seu sentido mais amplo: alimentar-se de comida, de história e de luta. 

 


 

O formato dos resumos dos trabalhos deve contemplar os seguintes itens com as suas especificações: título, resumo, autores, palavras-chaves e indicação do Seminário a participar.

Título: limite de 200 caracteres com espaço. 

Resumo: Times New Roman, 12, espaçamento simples, máximo 2000 caracteres (contando espaço).

Autores: nome completo depois do título, com uma pequena nota de rodapé de filiação institucional e e-mail de contato.

Palavras-chaves: 3 a 5 palavras.

Os arquivos dos resumos devem ser enviados em formato doc ou docx para o e-mail oficial (agrisal2020@gmail.com) e nomeados da seguinte forma: SOBRENOME_nome/nº do seminário.

Datas importantes:

17 de agosto: prazo para o envio dos resumos.

24 de agosto: divulgação dos trabalhos aprovados nos seminários.

05 de outubro: prazo para o envio dos trabalhos completos.

14, 15 e 16 de outubro: dias do evento.

 

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Evento online