Lígia Almeida
Reflexões acerca das experiências oníricas entre famílias Tupi Guarani e suas relações com a Vigíliia
Pretende-se com esta comunicação apresentar a pesquisa de doutorado realizada junto às famílias Tupi Guarani que vivem no interior do Estado de São Paulo, e que tem como foco os acontecimentos oníricos, as experiências das pessoas durante o sono e sua relação com a vigília. É através dos sonhos que recebem seus cantos/rezas, notícias de parentes distantes, aconselhamentos e mensagens divinas, as quais podem servir de impulso a eventos maiores, como por exemplo, a mudança de local das aldeias. Como se pode notar são diversas as experiências vividas durante o sono e nesta comunicação não será possível dar contar de todas elas. O intuito é apresentar algumas de suas narrativas de sonhos, buscando compreender a relação entre o onírico e a vida desperta, bem como, a maneira como “a pessoa Tupi Guarani” age nestes contextos.
Juliana Gondim
Um mundo encantado - reflexões sobre a cosmologia Tremembé
Esta apresentação abordará as relações entre os Tremembé de Almofala, grupo indígena que habita o litoral oeste do Ceará, e os encantados, entidades que permeiam o universo cosmológico de vários grupos ameríndios, sobretudo na região Nordeste do Brasil. Estes seres são descritos de diversas formas - como fadas, personagens da realeza, animais ou membros do grupo que se encantaram (antes ou após a morte) - e habitam os arredores de Almofala, nasmoradas dos encantados. Eles se manifestam basicamente em duas situações: nas curas e nas disputas territoriais, quando procuram afastar os "invasores" (índios ou não ) de suas moradas. Estas áreas, compreendem, basicamente, as águas, mares, matas e duas de Almofala e vêm sendo alvo de severas disputas que envolvem, além de índios e encantados, empresas dos ramos de beneficiamento de coco, energia eólica, criação em cativeiro de peixe e camarão e pesca de lagosta. Assim, as narrativas sobre os encantados quase sempre desembocam na devastação ambiental em curso na Área Indígena, que põe suas moradas em risco. Nas narrativas que serão expostas neste trabalho, veremos que, ao se referirem aos encantados, os Tremembé mobilizam categorias como natureza e sagrado. A questão que coloco é: o que de fato os Tremembé expressam quando recorrem ao termo "natureza"? Ou seja, como se apropriam desse termo tanto no discurso político, quanto na vida cotidiana? A partir destas questões, esta pesquisa poderá dar alguma contribuição ao debate em curso na antropologia contemporânea sobre as relações entre "natureza" e "cultura".
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