"Segundo Manuela Carneiro da Cunha, "Há políticas culturais para os índios e há políticas culturais dos índios. Não são a mesma coisa". O presente livro reúne desenove ensaios que procuram distinguir e debater as políticas culturais feitas para os índios, as feitas pelos índios e aquelas que de alguma maneira os envolvem. São observadas não apenas tais políticas, mas também seus pontos de cruzamento e seus efeitos conjugados.
O direito dos índios de formular suas próprias políticas culturais só foi constituído com a Constituição de 1988. Até então, os projetos existentes visavam ao que se entendia como a "integração" das populações indígenas. Mas "integração" não passava de um eufemismo para um programa de assimilação cultural e de dissolução étnica.
Dentre todas as políticas culturais, a mais potente é sem dúvida a escola, lugar de grandes ambiguidades. Qul é a relação adequada entre a escola e as sociedades indígenas? Entre o saber que capacita os índios a melhor se mover na sociedade brasileira e os conhecimentos e práticas tradicionais que se quer valorizar? Entre uma tradição oral e uma tradição escrita? É possível ensinar "cultura" na escola?
Este livro, dirigido a quem se envolve em políticas culturais, levanta e comenta as difíceis questões nela envolvidas. Resulta de um projeto de quase seis anos, financiado pela Fundação Ford, sediado no CEBRAP, que mobilizou pesquisas e reflexões sobre os efeitos das políticas culturais nas sociedades indígenas no Brasil, e de um simpósio, organizado em conjunto com o CEstA (Centro de Estudos Ameríndios) da USP em 2013."
Manuela Carneiro da Cunha e Pedro de Niemeyer Cesarino
Cultura Acadêmica
2014
517